A queda recente do presidente Lula, resultando na hemorragia no crânio e a necessidade de duas cirurgias, põe em evidência uma preocupante realidade no país: o risco frequente de quedas a que estão sujeitos os idosos. Estatísticas impressionantes comprovam. Quedas são a terceira causa de mortalidade entre as pessoas com mais de 65 anos. Mataram 70.516 idosos, entre 2013 e 2022, no país, segundo o Ministério da Saúde. Recentemente, o cantor Agnaldo Rayol, de 86 anos, foi vítima fatal.
Este triste número, no entanto, pode ser reduzido e milhares de acidentes se forem adotadas ações de prevenção junto ao idoso e no ambiente em que vive, segundo a médica fisiatra Carmen Orru, diretora da Associação Brasileira de Medicina Física e Reabilitação (ABMFR).
A diminuição da massa muscular, com a consequente perda da força, e a diminuição da acuidade visual são as principais causas das quedas, que ocorrem com metade dos idosos com mais de 65 anos, segundo a Associação Médica Brasileira (AMB).
Segundo a ABMFR, quedas são uma das principais causas de hospitalização de idosos e podem resultar em consequências devastadoras, como fraturas de quadril, punho e coluna vertebral. “Além do impacto físico, as quedas afetam o bem-estar psicológico, gerando medo de cair novamente, o que reduz a atividade física e prejudica a qualidade de vida”, afirma a médica fisiatra Carmen. “Esse ciclo de inatividade pode acelerar a perda de força muscular, equilíbrio e densidade óssea, aumentando ainda mais o risco de quedas”, completa a diretora da ABMFR.
A prevenção de quedas, o fortalecimento muscular e o cuidado com a saúde óssea são fundamentais para o envelhecimento saudável. “A intervenção precoce, por meio de um plano personalizado, ambientes seguros e práticas regulares de exercício, pode reduzir significativamente os riscos e preservar a autonomia do idoso”, declara a fisiatra.
Dra. Carmen relaciona uma série de estratégicas e cuidados a serem adotados para fortalecer o idoso, restabelecer e manter a sua saúde e bem-estar e para proporcionar ambiente seguro.
- Avaliação do ambiente doméstico:
- Instale barras de apoio no banheiro e em corredores.
- Mantenha os pisos livres de obstáculos, como fios e tapetes soltos.
- Use iluminação adequada, especialmente em escadas e corredores.
- Revisão medicamentosa:
- Muitos medicamentos, como sedativos ou anti-hipertensivos, podem causar tontura ou hipotensão postural. Avaliar a necessidade e ajustar doses pode reduzir o risco.
- Exercícios para o equilíbrio e a coordenação:
- Práticas como Tai Chi, yoga e exercícios específicos com fisioterapeutas ajudam a melhorar a estabilidade e prevenir quedas.
4. Fortalecimento muscular
A sarcopenia, ou perda progressiva de massa e força muscular com a idade, é um dos principais fatores que comprometem a mobilidade e aumentam o risco de quedas.
Como fortalecer os músculos em idosos?
4.1 Exercícios de resistência:
- Uso de pesos leves, elásticos ou máquinas adaptadas.
- Trabalhar grandes grupos musculares, como pernas, costas e abdômen.
4.2 Atividades funcionais:
- Levantar de uma cadeira sem apoio ou subir escadas fortalece músculos usados no dia a dia.
4.3 Progressão personalizada:
Iniciar com baixa intensidade e aumentar gradualmente, sob orientação de um profissional.
5. Prevenção da osteoporose e fraturas
A osteoporose torna os ossos mais frágeis e vulneráveis a fraturas, especialmente em quedas. Ela é comum em idosos, especialmente mulheres pós-menopausa.
Cuidados essenciais para a saúde óssea:
- Nutrição adequada:
- Alimentos ricos em cálcio incluem laticínios, vegetais verde-escuros (como brócolis) e amêndoas.
- Atividade física:
- Exercícios de impacto, como caminhar ou dançar, estimulam a remodelação óssea.
- Alongamentos e fortalecimento evitam tensões excessivas nos ossos.
- Avaliação médica:
- Realizar exames como densitometria óssea regularmente para monitorar a densidade óssea.
- Uso de medicamentos para fortalecimento ósseo, se indicado.
6. Complicações de quedas graves
As quedas podem levar a:
- Fraturas graves: Fratura de quadril, por exemplo, exige cirurgia e longa recuperação.
- Imobilidade prolongada: Pode causar úlceras de pressão, trombose venosa profunda e atrofia muscular.
- Morte: Em idosos mais frágeis, complicações de fraturas graves, como infecções e embolias, podem ser fatais.
A diretora da ABMFR ressalta que, antes de adotar qualquer medida, o idoso passe por consulta com o médico fisiatra, que irá realizar uma avaliação criteriosa de sua saúde, considerando também sua rotina diária e ambiente no qual vive para prescrever o melhor tratamento e as ações preventivas.
Seja um
Associado
Seja um Associado da ABMFR e além de contribuir para o fortalecimento da sua especialidade no Brasil tenha acesso a benefícios exclusivos
Compromisso
ABMFR
Oferecer aos médicos fisiatras meios para desenvolverem-se na prestação de atendimento à saúde da pessoa com deficiência e dor crônica, seja por meio de intervenções diagnósticas, terapêuticas ou avaliações periciais e laudos.
Comentarios